A Quinta

A história da Casa de Calhariz remonta a 1483, quando D. Gil Vaz da Cunha adquiriu as terras aos herdeiros do Mestre Joane, fidalgo da Casa do pai do rei D. Manuel. Para garantir a aprovação do rei para uma concessão mais duradoura, ele e sua família desbravaram terras e plantaram vinhas e pomares, assegurando a produtividade da região.

Em 1504, D. Manuel I concedeu-lhe a posse das terras por quatro vidas, e a filha de D. Gil, D. Maria Silva, fundou o Morgado de Calhariz em 14 de julho desse mesmo ano.

No início do século XVI, foi construída a primeira Capela de Calhariz, de planta circular, que atualmente alberga uma exposição sobre a Arrábida e a Casa Palmela. Por volta de 1520, a Quinta foi transferida para D. Francisco de Souza, sobrinho de D. Maria da Silva e vedor de D. João III.

Em 1693, o arquiteto João Rodrigues Mouro projetou um lagar hidráulico na Quinta. Durante a década de 60 do século XVII, D. Francisco de Souza (1630-1711) realizou significativas alterações na casa principal, que datava do século XV, sendo a capela atual desse mesmo período. A sua família, incluindo o irmão D. João de Souza e o sobrinho D. Luís de Souza, teve um papel fundamental nas obras da Quinta, que incluíam um jardim alegadamente desenhado por Le Nôtre, o famoso arquiteto dos jardins do Palácio de Versalhes.

Em 1735, D. Manuel de Souza casou-se com a princesa D. Maria Anna Leopoldine, e a família continuou a expandir-se. O seu filho, D. Alexandre, tornou-se um importante diplomata, representando Portugal em várias instâncias, incluindo o Congresso de Viena em 1804. Posteriormente, tornou-se Ministro dos Negócios Estrangeiros e, em 1833, Duque de Palmela, pelos serviços prestados ao Estado e à Coroa.

Após a morte de D. Pedro de Souza e Holstein em 1850, seu filho D. Domingos torna-se então o 2º Duque de Palmela. Mais tarde, em 1857, o conhecido escritor Alexandre Herculano arrendou a Quinta e dedicou-se à produção de vários produtos agrícolas.

D. Maria Luísa Teixeira de Sampayo de Souza e Holstein, 3ª Duquesa de Palmela, destacou-se como escultora renomada e patrona das artes, promovendo artistas da época. Sua morte em 1909 foi seguida pela ascensão de sua filha, D. Helena, como a 4ª Duquesa.

Na II Grande Guerra, D. Domingos, 5º Duque de Palmela, foi nomeado embaixador de Portugal em Londres, pelas suas ligações importantes numa época crítica. Durante a visita real a Portugal em 1957, a Rainha D. Isabel II de Inglaterra foi recebida no Palácio de Calhariz.

Atualmente, no século XXI, a Quinta de Calhariz continua a crescer sob a responsabilidade da 7ª e 8ª gerações da família Palmela, com foco em projetos de sustentabilidade, agropecuária e turismo ambiental e cultural.